quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Afinal o Estado é laico ou não é laico??!!

Por Renata Brás

Hoje no Jornal do Brasil, saiu uma matéria sobre o apoio da Igreja Católica ao canditado à prefeitura do Rio, Eduardo Paes. O candidato almoçou na casa do senador Francisco Dornelles na tarde de ontem, onde se reuiniu com 100 membros de diversas vertentes da Igreja Católica. Apesar de Eduardo não assumir que está recebendo tal apoio e afirmar que o encontro foi " informal " , o Padre Jorjão, da ala carismática da Igreja, confirmou que " o encontro de hoje, trata-se de um apoio público ao candidato Eduardo Paes. " Sabe-se também que o candidato derrotado Marcelo Crivella, Bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, declarou apoio à Eduardo Paes.

Bom ,eu li a reportagem e me lembrei de tantos outros políticos que se valem da sua religião para conseguir apoio e votos, e comecei a me questionar sobre até aonde pode-se misturar fé com política. Afinal, é difícil encontrar alguém que não possua nenhum tipo de crença ou religião, porém não acho que é certo misturar as coisas.

O Estado tem importantes decisões a tomar sobre a legalização do aborto, da descriminalização do uso de algumas drogas, da eutanásia, incentivo ao uso dos métodos contaceptivos, etc. São assuntos muitos sérios e merecem muita discussão e reflexão antes de ser tomada alguma decisão e transformá-la em lei. Mas a única coisa que posso dizer, é que os dogmas da Igreja ( seja ela evangélica ou católica), não ajudam na discussão com a população e no mínimo atrapalham o andamento.

Uma mulher deve ter o direito de fazer um aborto se ela desejar, afinal a vida é dela, o corpo é dela e a responsabilidade também é dela. Não é justo ela se tornar pecadora e criminosa por uma decisão que não afeta diretamente ninguém, além dela mesma.

Isso é apenas um exemplo do que eu acho que a pressão que e Igreja exerce sobre as pessoas pode fazer. Esses assuntos devem ser discutidos de forma separada: legalmente e religiosamente. Ao Estado cabe fazê-lo de forma racional e à Igreja discutir seus dogmas e crenças dentro do seu âmbito.

Aqui não estou falando contra as religiões e crenças, apenas exponho a minha opinião de que o Estado se tornou laico há muito tempo atrás e não foi à toa. São duas coisas que não combinam. Mas parece que alguns políticos e algumas populações ainda vão levar mais alguns séculos para aprender isso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Renata,

Se lembra do texto que eu escrevi semestre passado? O nome do texto era " Ser ou não ser um Estado Laico", onde eu relembrava a intervenção da Igreja Católica no Estado em diferentes situações. Exemplo disso seria não só no ABORTO, mas CASAMENTO GAY, CÉLULAS TRONCO (Agora liberado) e Camisinha.


Eu aprendi com uma frase clássica no movimento Feminista: "O útero pertence à mulher e não ao Governo"; o que contradiz todas as nossas lutas contra o preconceito!

Não satisfeita eu ainda repito. Tem uma frase na Bíblia (Livro Sagrado dos Cristãos) que é melhor um aborto do que uma vida miserável em mil anos. Contradição entre a interpretação humana?

Vanessa V. Gomes

Renata Brás disse...

Acho que ao Estado cabe fazer as leis, tornar crime ou não alguma coisa. Cabe à Igreja ensinar aos fiéis seu valores. E cabe a cada um de nós avaliar a nossa situação e fazermos o que acreditamos que é certo com base na nossa própria consciência.