domingo, 14 de junho de 2009

Ecolimite Desigual


Por Vanessa V. Gomes



Nos mês de Janeiro desse ano, moradores de prédios da Zona Sul denunciaram o avanços das construções e o desmatamento desordenado nas comunidades do Chapéu Mangueira, Rocinha, Pavão Pavãozinho. Uma semana depois, os secretários municipais de Ordem Pública (Seop), Rodrigo Bethlem, Urbanismo, Sergio Dias, e Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz sobrevoaram o local e detectaram as infrações cometidas pelos novos moradores.

A prefeitura na guerra contra a expansão decidiu implantar ecolimites nas comunidades mais populosas. O muro limitaria o crescimento e ajudaria a organização a secretária de ordem pública com cada casa. Desde então, a polêmica sobre o muro resgatou nas opiniões de alguns intelectuais nas comunidades cariocas.


"Cá para baixo, na Cidade Maravilhosa, a do samba e do Carnaval, a situação não está melhor. A ideia, agora, é rodear as favelas com um muro de cimento armado de três metros de altura. Tivemos o muro de Berlim, temos os muros da Palestina, agora os do Rio. Entretanto, o crime organizado campeia por toda parte, as cumplicidades verticais e horizontais penetram nos aparelhos de Estado e na sociedade em geral. A corrupção parece imbatível. Que fazer?", declara José Saramago


Para a diretora SOS Mata Atlântica, Marta Hirota, a criação do muro não é melhor solução e partindo da mesma tese, o Sociólogo Ignácio Cano diz que há um elemento de segurança pública escondido pelo governo para não aumentar polêmica.

Cinco meses depois, a polêmica dos Ecolimites chega a áreas nobres da Zona Sul (Humaiatá, Gávea, Lagoa, Jardim Botânico) como afirma a matéria do Jornal do Brasil de Marcelo Migliaccio e a prefeitura que em Janeiro declarou que construiria o muro é a mesma que concede licitações para construções de mansões em encostas.

Procurado pelo Jornal JB, o secretário municipal Sérgio Dias que a construção está autoriza, mas diante da reclamação, haverá uma vistoria.

Para o professor do Departamento de Geografia da PUC-Rio, Luiz Felipe Guanaes, a ocupação de encostas é inaceitável.

O ser humano, na sua mediocridade, tende a burlar as leis, pois pensa que não será flagrado. Quando se ocupa e desmata encostas, há enchentes no asfalto”. Declara o professor

No entanto, toda polêmica criada pela construção do muro gerou outro questionamento: a desigualdade até nos Ecolimites. A população com menor poder aquisitivo limita-se a decisão da Prefeitura e em outros bairros, o contrário é feito. A própria secretária de urbanismo libera a construções em morros, encostas.

Para o biólogo Mario Moscatelli, a resposta é simples:

Dizem que a lei é igual para todos, mas no Brasil isso é utopia”.

Entre as irregularidades mais comuns nos empreendimentos caros estão construção acima da altura de 100 metros, em inclinações de 45 graus e com número de andares superior ao descrito no projeto submetido à secretaria de urbanismo.



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